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domingo, 4 de agosto de 2013

Reserva indígena em São Valério do Sul ganha escola de ensino médio



Além do ensino médio para moradores da aldeia, escola vai oferecer formação para professores indígenas de todo o RS, cursos técnicos e EJA. Moradores comemoram os investimentos do Governo do Estado e esperam com ansiedade pelo início das atividades escolares, em janeiro do ano que vem

Governo do Estado transforma prédios abandonados em escola que levará mais ensino e aprendizado à aldeia indígena da região Celeiro
            Localizada no município de São Valério do Sul, a terra indígena do Inhacorá comemora os investimentos do Governo do Estado na educação indígena. A comunidade, com perto de 1.300 moradores, ganhará uma escola de ensino médio e formação de professores no idioma Kaingang.
            O Instituto Estadual de Educação Indígena Ângelo Manhká Miguel – nome dado à nova escola – se localiza na própria reserva indígena e deve iniciar suas atividades em janeiro do ano que vem, com formação de professores indígenas de todo o Rio Grande do Sul em magistério bilíngue Kaingang, ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) para moradores da aldeia.
A diretora do colégio, Diana Lambricht Weiler, projeta também a oferta de cursos técnicos. “A proposta é oferecer ainda cursos técnicos em agropecuária e enfermagem, numa parceria com universidades. Indígenas de todo o Estado vão poder fazer um curso técnico, gratuitamente”, comenta.
            Para a diretora, a nova escola terá um papel fundamental na valorização do ensino para os moradores da reserva. “É uma oportunidade que todos terão de continuar os estudos, praticamente sem sair de casa. Se antes era preciso ir até a cidade cursar o ensino médio, agora poderão permanecer aqui na comunidade mesmo para, por exemplo, concluírem um curso técnico. Isso está alimentando esperanças e sonhos em muitos jovens indígenas”.
            A escola é composta por três prédios, que até então estavam abandonados, em situação de deterioração, e agora receberam investimentos do Governo do Estado para que o colégio passasse a funcionar como acesso à educação para a comunidade indígena. Já foram investidos mais de R$ 260 mil em reformas. Os três prédios são compostos por salas de aula, alojamento para professores e estudantes, e um auditório. Telhados, pinturas, grades de segurança e instalações elétricas fazem parte da série de melhorias.
A área indígena também possui uma escola estadual de ensino fundamental, que atende a 475 estudantes do local.
Voluntários realizaram mutirão de limpeza nos prédios
            Concluir o ensino fundamental e dar sequência aos estudos na própria comunidade é motivo de alegria para os moradores da área indígena do Inhacorá. Para o conselheiro da comunidade, Carlos Camargo, de 43 anos, os investimentos do Governo do Estado com a nova escola estão estimulando os moradores a sonhar com uma vida melhor. “Fizemos uma reunião com os moradores da reserva para anunciar a criação da escola. Foi unanimidade: todos receberam a notícia de uma forma muito positiva. O Governo está trazendo a educação para mais perto da gente, isso é bom, é a realização de um sonho da gente”, destaca ele. “Nasci nesta comunidade e ficava triste ao ver que muitos estudantes largavam os estudos quando concluíam o ensino fundamental e tinham que se deslocar para a cidade a fim de continuar. Agora tudo vai mudar, com mais uma escola aqui na reserva já podemos sonhar até com formatura em curso técnico”, comemora.
Desde quarta-feira da semana passada, dia 31, um mutirão de 22 voluntários foi criado para a limpeza e organização das dependências da nova escola. Integrantes da 21ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) também estiveram no local acompanhando os trabalhos. Nesta semana, a escola deve receber o mobiliário. 
“Estamos contando os dias para chegar o ano que vem, esta escola é uma grande conquista, que muitas lideranças já sonharam e lutaram para conseguir, hoje estamos felizes porque nossos filhos terão mais acesso à educação”, conclui o morador Carlos Camargo.
No auditório do colégio, o morador Carlos Camargo relembra as lutas indígenas e relata a felicidade da comunidade com a nova escola

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