Uso do Google Formulários
A professora Bruna Guimarães Höher, do Instituto Estadual Rio Branco, em Porto Alegre, revela que a adaptação ao contexto virtual foi desafiadora, pois ela costumava usar muito o quadro em sala de aula. Entre as ferramentas que ela tem utilizado, está a inserção de materiais de apoio na plataforma Google Sala de Aula, como forma de aula assíncrona, e oferta de aulas síncronas para a realização de plantões para tirar dúvidas a respeito das atividades e para a retomada de alguns assuntos. “Nas aulas assíncronas, sempre penso muito no estudante que tem problemas de conexão, então deixo tudo muito bem explicado. Aí, nas síncronas, deixo para a interação, tento trazer o engajamento”, pontua a docente.
Bruna lembra de uma atividade na qual pediu que os estudantes lessem um capítulo de um livro e, depois, lhes aplicou um “autoteste”, para ter um feedback sobre o aprendizado deles, pelo Google Formulários. “Os alunos gostaram bastante porque, ao preencher o formulário, perceberam que não leram muito bem determinado trecho e voltaram para o livro”, lembra.
Outros recursos que a professora usa são materiais em PDF com hiperlinks para vídeos e esquemas resumidos sobre o conteúdo, bem como o site Mil View, que funciona como um banco de dados com moléculas com visualização em 3D. Ela faz, ainda, vídeos curtos para seus alunos, de 10 a 15 minutos, explicando o conteúdo.
Trabalho com gênero fantástico e memes
Lecionando no Instituto Estadual Nossa Senhora do Carmo, em Alvorada, a docente Bruna de Oliveira Nobre faz parte de um trabalho que relaciona diferentes disciplinas a um projeto de vida. Com reuniões quinzenais, o grupo organizou as atividades em três etapas. Primeiro, foi abordado o gênero fantástico, a partir da leitura de um conto que possui um final em aberto. Os alunos foram convidados a escrever o final. “Escolher um gênero de que eles gostam é uma forma de aproximar o aluno da prática pedagógica. Mesmo o conto sendo de 1887, tinha uma linguagem acessível e a turma gostou muito, recebemos um feedback muito positivo”, celebra.
Na segunda etapa, foi trabalhado o tema “podcast”. Para apresentar o formato aos estudantes, foram usadas lendas urbanas e ensinados efeitos sonoros, para tornar o áudio mais interessante. Na terceira etapa, por fim, o gênero estudado foi o “meme”, ou seja, piadas publicadas na internet, que frequentemente têm milhares de acessos, ou seja, “viralizam”. “Sugerimos aplicativos para que eles construíssem memes e também pensamos nos estudantes que não tinham acesso às plataformas, que podiam fazer os memes com jornais, revistas e materiais descartáveis”, relata, salientando que a criatividade dos alunos foi grande.
Experimentos químicos
O professor Vitor Matheus Sanderson, dos institutos Maurício Cardoso e São José, de Soledade, ressalta que o ensino híbrido envolve mesclar o ensino presencial com o não presencial, e não fazer ensino à distância. Em sua prática pedagógica, ele utiliza recursos tecnológicos para, por exemplo, mostrar simulações envolvendo a química em situações cotidianas do estudante.
A partir das simulações, o educador propõe atividades experimentais, como a produção de gás etileno com o amadurecimento das frutas e a observação de propriedades dos materiais das substâncias. “Foram atividades muito gratificantes e importantes para o processo de ensino-aprendizagem. O resultado foi que 80% dos estudantes participaram das aulas assíncronas e 75% das síncronas”, cita.
Humanização do ensino
O docente Christian Silva de Castro, que atua no Instituto Estadual de Educação Júlio César Ribeiro e Souza e na Escola Brigadeiro Antônio Sampaio, ambos colégios de Alvorada, defende que é preciso pensar na manutenção do vínculo com os alunos, da diversidade existente dentro de uma turma e apostar na simplicidade. “Não se trata de pirotecnia pedagógica e, sim, de vibrar na mesma frequência dos alunos, traduzir aquele conceito, aquela mensagem de uma hora para o aluno que não vai estar contigo ao vivo”, observa.
Para Castro, esta tradução é o principal desafio e aprendizagem que houve neste momento de quarentena. A solução do professor foi organizar a prática pedagógica em três grandes pilares: vídeo, auto-organização e materiais de apoio. “No início da pandemia, a adesão às aulas síncronas era muito baixa, mas aumentou ao longo do tempo, e usar o recurso do vídeo de forma constante mostrou resultados”, avalia.
O educador chama a atenção para o que reconhece como uma falsa ideia que havia, de que todos os jovens eram familiarizados com a internet e os recursos tecnológicos. “Quantas habilidades desenvolvemos de março para cá? O mesmo aconteceu com os alunos, e uma delas foi a auto-organização. Boa parte das aulas eu usava para ensiná-los a se organizar, e isso foi muito importante”, garante.
Algo que ajuda muito nesta organização, segundo Castro, é a oferta de materiais de apoio, como o podcast, que não precisa de muita produção e funciona bem com os estudantes, que sentem o recurso quase que como uma conversa. “O que fez diferença para mim foi a presença, estar presente para aos alunos, conversar com eles. É preciso apostar na humanização, nesse mundo tão artificial que é conversar através de uma tela”, finaliza.
A diretora do Departamento Pedagógico, Letícia Grigoletto, salienta que todos os professores evidenciaram a preocupação de se estar atento aos alunos que não têm acesso às plataformas e precisam ser envolvidos nesse processo. “Precisamos lembrar que flexibilizar essa metodologia, além de um desafio para nós, professores, é uma necessidade, para termos sucesso no nosso fazer pedagógico, atribuindo sentido aos temas que estamos abordando”, aponta.
Modelo Híbrido de Ensino
A partir da implantação da Matriz de Referência do Modelo Híbrido de Ensino, que inclui as Aulas Remotas e as aulas presenciais, a Seduc informa que está trabalhando na elaboração de um plano de ação pedagógica para os anos de 2021 e 2022 com intuito de auxiliar os professores no processo de aprofundamento das aprendizagens que tenham sido comprometidas no excepcional ano letivo de 2020.
No retorno das aulas presenciais, serão realizadas avaliações diagnósticas com cada estudante para aferir o conhecimento nos mais diversos componentes curriculares. A partir dos resultados, o professor irá trabalhar os conteúdos que precisam ser reforçados e avaliar as principais competências adquiridas.
Aulas Remotas
Desde 1º de junho, a Secretaria Estadual da Educação trabalha na implantação das Aulas Remotas na Rede Estadual de Ensino.
A iniciativa compõe o modelo híbrido de ensino e também compreende as aulas presenciais. A ação, que segue ao longo do ano letivo de 2020, proporciona, por meio do Google Classroom, a criação de mais de 37 mil turmas espelhadas e mais de 500 mil ambientes virtuais divididos por componentes curriculares. O projeto ainda oferece internet patrocinada para alunos e professores.
Seduc RS
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